Klauss Vianna

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Klauss Vianna

Acervo Klauss Vianna

Klauss Ribeiro Vianna nasceu em Belo Horizonte, MG, em 1928. Introdutor de um método próprio voltado para a corporalidade expressiva de atores e bailarinos, ficou mundialmente reconhecido por seu trabalho único como preparador corporal, foi um renomado bailarino e coreógrafo brasileiro. Pode-se dizer que Klauss foi considerado um dos primeiro pesquisadores e aplicadores da Técnica Somática no Brasil.

Formado em balé clássico, iniciou seus estudos com Carlos Leite, em sua cidade natal, aos 15 anos. No início da década de 50, frequentou em São Paulo o curso da bailarina russa Maria Olenewa, encontrando assim uma nova forma de ver a dança, contribuindo ainda mais para seu estudo futuro.

Conheceu sua amiga, futura companheira e parceira de trabalho, Angel vianna, ainda nos tempos de escola e também ao lado dela fundou o Ballet Klauss Vianna, em BH, após uma frutífera temporada de aulas de balé em que ambos lecionavam numa sala de aula improvisada na casa em que moravam da família de Klauss. Desde as primeiras aulas de balé que Klauss começa sua investigação sobre o corpo, suas possibilidades e singularidades. Filho do médico (João Ribeiro Vianna) e da enfermeira (Erna Maria Vianna), Klauss demonstra desde a infância interesse pelo corpo humano, sua anatomia e funcionalidades. Ainda na capital mineira, os Vianna frequentaram cursos de anatomia e cinesiologia na faculdade de odontologia, o que seria o passo inicial para a inovação no método de aprendizado em balé clássico que Klauss estava por desenvolver.

Viajou para Salvador, em 1962, a convite da Reitoria da Universidade Federal da Bahia onde fundou o departamento de dança clássica da Escola de Dança. Durante esse período Klauss e Angel puderam se aprofundar ainda mais na nova metodologia de aula de balé iniciada em Minas, que tinha por fundamento respeitar o corpo e a anatomia de cada bailarino, incentivando em seus alunos à decoberta e autonomia de seus movimentos. Uma ruptura nos moldes tradicionais de ensino de balé, em que se pressupunha o uso forçado da anatomia dos corpos na tentativa de alcançar as formas da gramática clássica, bem como na repetição como meio de apreensão. A criatividade e escuta do corpo foram os motes para essa ruptura, bem como o conhecimento da fisiologia e anatomia humana. Foi por conta da iniciativa desse casal que a Escola de Dança passou a ter em seu currículo as disciplinas de Cinesiologia, Teoria e Iniciação Musical e Anatomia Aplicada ao Movimento.

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Após a experiência na Universidade Federal da Bahia como professor, Klauss precisava de novo estímulo para dar continuidade a seu trabalho como criador o que não conseguiu realizar na Bahia. Em 1965 Klauss e Angel decidem sair de Salvador e tentar uma nova etapa de suas histórias no Rio de Janeiro. Um ano após a mudança, Klauss é convidado a dar aulas na então chamada Escola Municipal de Bailados do Theatro Municipal, hoje Escola Maria Olenewa. A cidade do Rio de Janeiro também abriu o caminho para o trabalho com atores e com teatro, que se tornaria durante muitos anos após um braço importante de sua carreira artística, tendo inclusive assinado diversas peças como preparador corporal. Uma das mais importantes experiências e de maior repercussão foi a peça "Roda Viva", de Chico Buarque, em que assinou a coreografia junto com o diretor José Celso Martinez Corrêa, que estreou em 1968.


Klauss desenvolveu um método de trabalho corporal próprio que poderia ser aplicado tanto para bailarinos quanto para atores, e foi com ele e Angel que o termo "expressão corporal" foi utilizado pela primeira vez no Brasil. No Estúdio Tatiana Leskova os Vianna conseguiram um espaço, no Rio de Janeiro, para iniciarem esse trabalho. Klauss trabalhou lá como professor de balé clássico de 1966 a 1974. Sua vinda ao Rio permitiu ainda um mergulho de cabeça no universo teatral com o desenvolvimento da técnica Klauss Vianna.


Em 1975, Klauss inaugura uma nova etapa de trabalho e se torna crítico de dança do Jornal do Brasil, onde atuaria até 1976. Ainda neste mesmo ano, Klauss é convidado para lecionar expressão corporal na PUC - RJ, assume a direção da Escola Oficial de Teatro do Rio de Janeiro - Escola Martins Pena e monta ao lado de Angel e Thereza D'Aquino a primeira escola de dança profissionalizante do Rio de Janeiro, fora dos padrões de balé clássico, Centro Corporal Arte e Educação, que ficaria conhecida como "corredor cultural".


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Foi ainda diretor do Instituto Estadual das Escolas de Arte do Rio de Janeiro, Inearte1, de 1978 a 1980 e trabalhou com grupos importantes da época como TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) e Asdrúbal Trouxe o Trombone. A partir de 1981, transfere-se para São Paulo, onde dirige a Escola Municipal de Bailado. Torna-se membro do Conselho Estadual de Dança da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, em 1982.


Em 1992, juntamente com Rainer Vianna, seu filho, e Neide Neves, esposa dele, funda a Escola Klauss Vianna, que encerra suas atividades após a morte de Rainer, em 1995. Rainer trabalha na sistematização do método corporal aplicado por Klauss e o registra como técnica Klauss Vianna, em 1990. Até a sua morte em 1995, Rainer se torna o principal difusor dessa técnica. Ainda em 90, Klauss lança A Dança (Livro), que reune anotações colhidas ao longo de suas experiências.


Desenvolveu um método próprio para a expressão corporal na dança e no teatro, esse método é conhecido como Técnica Klauss Vianna, mas o próprio não gostava que seu modo de pensar a dança fosse codificado como uma Técnica, logo que era contra a cópia e repetição vista na maioria das danças na época. Com todos esses feitos para a dança, desde a implantação de anatomia e sua nova maneira de organizar uma forma de pensar a dança que Klauss Vianna se tornou uma referência no universo da Dança no Brasil.


Em 12 de abril de 1992, Klauss morre em SP vítima de distúrbios cardíacos. Já tinha sobrevivido um enfarte nos anos 70, recebido duas pontes de safena e, posteriormente, um marca-passo, e não resiste à espera e aos preparativos para um transplante, marcado para 24 de abril. Seu corpo é velado no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) no bairro da Bela Vista e enterrado no Cemitério da Paz, no bairro do Morumbi.

No Rio de Janeiro, a Escola Angel Vianna continua a difundir seu método na formação profissional de bailarinos, atores, coreógrafos e terapeutas corporais.

Em 2005, a Funarte lança o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna, com o objetivo de apoiar a produção nacional de dança e a manutenção de grupos e companhias em todas as regiões do país.




NOTA

1 O Instituto reunia as escolas de Teatro (Martins Pena), de Dança (Escola de Bailados, atual Escola Maria Olenewa), a escola de Artes Visuais e o Instituto Villa-Lobos de música.



OBRAS IMPORTANTES
Dança
  • O Caso do Vestido (1955)
  • A Cobra Grande (1957)
  • Arabela, a donzela e o mito (1959)
  • A Neblina de Ouro (1960)
  • A face lívida (1960)
  • Jazz (1960)


Teatro
  • Roda Viva (1968)
  • O Arquiteto e o Imperador da Assíria (1970)
  • Alice no País Divino-Maravilhoso (1970)
  • Hoje é dia de Rock (1971)



REFERÊNCIAS
Livros
  • NEVES, Neide. Klauss Vianna - Estudos para uma dramaturgia corporal. Cortez, São Paulo:2008
  • TAVARES, Joana Ribeiro da Silva. Klauss Vianna: do coreógrafo ao diretor. Anablumme, São Paulo: 2010.
  • VIANNA, Klauss. A dança. Summus, Sao Paulo, 2005.


Dissertações
  • SANTOS, Maria Thaís Lima. Interpretação no Brasil: a linguagem corporal e os novos procedimentos cênicos - 1970/1971. Dissertação de mestrado, USP, São Paulo, 1994.
Disponível em: http://www.klaussvianna.art.br/busca_detalhes.asp?busca=BIBLIOGRAFIA&x=25&y=11&academicos=1#[showDet]3121
  • ALVARENGA, Arnaldo: Dança Moderna e Educação da Sensibilidade: Belo Horizonte (1959-1975). Dissertação de mestrado, UFMG, Belo Horizonte, 2002.
Disponível em: http://www.klaussvianna.art.br/busca_detalhes.asp?busca=BIBLIOGRAFIA&x=25&y=11&academicos=1#[showDet]3121


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