Marina Abramovic

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Edição feita às 06h25min de 4 de agosto de 2013 por Raquel de Oliveira (disc<pipe-separator>contribs)
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É uma artista performática que atua na cena artística desde os anos 70. A "avó da performance" como ela mesma se chama. Seu trabalho é marcado por explorar os limites físicos e psíquicos do corpo e a relação entre artista e público. Em suas performances há sempre a necessidade de se comunicar diretamente com um público e no que diz respeito à subjetividade, esta está profundamente ligada ao contexto social. Para Marina a performance só tem significado quando está relacionada à esfera pública. Do contrário, qualquer investimento na subjetividade torna-se inoperante e reduzido. Além disso, a artista sempre coloca o corpo em situações perigosas, de alto risco para quebrar padrões e limites pré-determinados.

Os limites do corpo são tema de minhas criações. Vou usar a performance para empurrar os limites físicos e psíquicos, além da consciência.
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Tabela de conteúdo

Breve Histórico

Nascida em Belgrado - Sérvia em 1946, filha de guerrilheiros comunistas Iugoslavos atuantes da Segunda Guerra, Marina foi criada com todo rigor do controle militar, o que segundo ela, reflete-se hoje em seu rigor e disciplina com seu trabalho.

Marina graduou-se pela Academia de Belas Artes de Belgrado (1970) e especializou-se pela Academia de Belas Artes de Zagreb, na Croácia (1972). Lecionou na Academia de Belas Artes de Novi Sad - Sérvia, enquanto realizava suas primeiras performances nos anos 70.

Em 1976, ela muda-se para Amsterdam, onde conhece o também artista performático alemão Ulay (Frank Uwe Laysiepen), que será seu companheiro nos 12 anos seguintes. Marina e Ulay viveram uma longa e intensa relação amorosa e de trabalho. Juntos criaram performances onde suas identidades se misturavam numa relação simbiótica, outras vezes paradoxalmente exploravam os contrastes, as relações conflituosas entre homem e mulher.

Em 1988, após alguns conflitos, separam-se após sua última performance juntos, The Lovers, que consistia em caminhar sobre a muralha da China, partindo cada um de uma ponta e se encontrando no meio. Após cada um caminhar 2500 km, se encontraram no meio e disseram adeus.

Marina volta a trabalhar sozinha e dedica-se intensa e exclusivamente à sua carreira, que ganha reconhecimento internacional. Em 1994 ela se torna professora na Hochschule fur Bildende Kunst em Braunschweig, onde lecionou até 2001.

A artista ganhou o título de Doutora Honoris causa pelo Art Institute of Chicago (EUA), The University of Plymouth (UK), Willams College (USA) e Instituto Superior de Arte (Cuba). Além de muitas outras premiações artísticas pelo mundo.

De 14 de março a 31 de Maio de 2010, o MoMA – Museum of Modern Art, em Nova Iorque, realizou uma grande retrospectiva e recriação do trabalho de Abramovic, a maior exposição de arte performática na história do MoMA. Durante toda a exposição que recebeu o nome de Marina Abramovic - The Artist is Present a artista esteve sentada por 736 horas e 30 minutos, recebendo o público que era convidado a se revezar e sentar em frente à ela, recriando sua antiga performance Nightsea Crossing.

A exposição no Moma fez parte do que em seguida virou o documentário Marina Abramovic - The Artist is Present que conta um pouco da vida e carreira de Abramovic e veio parte da necessidade de registrar de alguma forma suas obras para deixar como legado.

O compromisso da artista em de dar nova vida à obras mais antigas de performance dela e de outros, levou-a também a criar o Marina Abramovic Institute for Preservation of Performance Art, em Hudson, Nova York. Esta organização sem fins lucrativos, tem por objetivo apoiar o ensino, a preservação e financiamento da arte da performance, garantindo um legado duradouro para esta forma de arte efêmera si. Sobre o Instituto, Abramovic disse:

A performance é passageira. Mas este lugar, este é para o tempo. Isto é o que eu vou deixar.

Algumas das Principais Obras

Rhythm 10 (1973)

Esta performance a primeira performance da carreira da artista.

Ela colocou dez facas de diferentes formas e tamanhos no chão, colocou a mão esquerda em uma folha de papel e jogou o jogo russo de facas: cravando a faca nos espaços entre os dedos tão rápido quanto podia. Cada vez que ela acertava um dedo e se cortava, mudava a faca. Os sons das batidas que a faca produzia eram gravados com um gravador de voz. Depois de cortar-se dez vezes, ela repetiu a fita, ouviu os sons, e tentou repetir os mesmos movimentos, tentando replicar os erros, mesclando passado e presente.

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Rhythm 5 (1974)

Abramović derramou óleo em uma estrela de cinco pontos desenhada no chão e ateou fogo. Do lado de fora da estrela, ela cortou as unhas e os cabelos e jogou os recortes nas chamas. Como um ato de purificação, ela saltou sobre as chamas, deitou-se no centro da grande estrela e saiu de lá socorrida por médicos, pois perdeu a consciência por falta de oxigênio.

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Rhythm 0 (1974)

Marina transformou seu corpo em um objeto passivo, sem qualquer impulso reativo. Colocou sobre uma mesa de 72 objetos de prazer e de dor e escreveu em uma placa: "Há 72 objetos sobre a mesa, que você pode usar como quiser". Inicialmente, os membros da platéia reagiram com cautela e modéstia, mas com o passar do tempo as pessoas começaram a agir de forma mais agressiva. Eles cortaram suas roupas, eles tocaram seus lugares mais íntimos e uma pessoa chegou à colocar uma bala na arma e como numa roleta russa, apontar a arma para a cabeça dela e forçar sua mão à puxar o gatilho e ela não resistiu. O galerista foi quem interviu retirando a arma.

Durante 6 horas, ela esteve passiva às ações. Esta performance mostrou os limites da relação entre artista e público e a necessidade iminente de brutalização da humanidade.

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Thomas Lips (1975, 1993, 2005)

Nesta performance Marina, completamente nua, usa uma lâmina de barbear para cortar o formato de uma estrela de cinco pontas (o emblema político do comunismo da ex-Jugoslávia) em sua barriga. Depois, chorando, borra o sangue do corte com uma toalha ao som de uma música russa. Em seguida deita-se em um bloco de gelo e depois ajoelha-se e chicoteia-se repetidamente.

Quando termina seu auto-flagelo ela toma uma colher de mel e uma taça de vinho. E então, começa novamente a sequências dos eventos em várias ordens, até a meia-noite.

Não há um tipo de final lógico para lidar com a dor. Eu crio uma estrutura onde eu posso ir mais longe, nos limites físicos, que um corpo pode. Eu não quero morrer. Esse não é o fim. Quero experimentar a borda e o quanto eu posso tomar este limite.

Marina resume seu ponto de vista sobre a dor muito bem ao longo desta fala e torna evidente que a dor pode ser vista de maneira bonita através dos olhos de arte.

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Art must be Beautiful (1975)

Esta performance não é sobre a dor física, mas sim sobre o estado mental que pode ser alcançado por meio da dor.

Com um pincel em uma mão e um pente na outra, ela arruma o rosto e o cabelo, enquanto repetindo a frase "a arte deve ser bela, o artista deve ser belo". Sua voz revela que ela está com dor, e seu rosto também deixa claro que ela está se machucando.

Segundo ela, o propósito de seu auto-flagelo é libertar o corpo e a alma das restrições impostas pela cultura ocidental e do medo da dor física e da morte.

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Balkan Baroque (1997)

Performance feita em resposta às inúmeras mortes que ocorreram na ex-Jugoslávia. Sentada no topo de 1.500 ossos de vaca, vestita com um vestido branco, ela passou quatro dias, seis horas por dia, lavando cada um desses ossos sangrentos. Num porão abafado e com odor fétido, com projeções de imagens dela e de seus pais.

O objetivo era lembrar as vidas, os esforços e as esperanças das pessoas assassinadas, tocando com cuidado e limpando "seus" ossos.

Transformando suas experiências performativas individuais em idéias universais também era um conceito importante para Abramovic em toda sua obra.

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In the House with the Ocean View (2002)

Durante 12 dias, em novembro de 2002, Marina Abramovic viveu em três plataformas abertas na Sean Kelly Gallery, em Nova York, sem comer, escrever ou falar e sem nenhuma privacidade os cômodos eram abertos e os espectadores eram ainda convidados a observa-la por um telescópio de alta potência.

Abramovic dormiu, bebeu água, urinou, tomou banho, tudo na frente do público. Ela podia andar entre os três cômodos, mas as escadas que levam ao andar tinha degraus feitos de facas de açougueiro.

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Balkan Erotic Epic (2005)

Um de seus trabalhos mais recentes é Balkan Erotic Epic (2005), que foi inspirado pela cultura popular dos Balcãs e o erotismo em suas tradições. Através deste trabalho é mostrado que os este povo acredita que os órgãos genitais masculinos e femininos têm uma função muito importante na fertilidade e ritos agrícolas dos povos balcânicos.

A obra é composta por instalação e um filme de 12 minutos.

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Algumas das Principais Obras com Ulay

Imponderabilia (1977)

A ideia da performance é o arista como porta do museu. Foi uma de suas performances em parceria com Ulay. Os dois ficavam em pé na porta, nus, de frente um para o outro de modo que para passar, as pessoas tinham que, inevitavelmente se espremer entre os dois e escolher um deles para encarar.

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Breathing In/Breathing Out (1977)

Nesta performance os dois têm seus narizes tapados por filtros de cigarro e se conectam pela boca inspirando e expirando na boca um do outro, permitindo que apenas o ar que ficou preso dentro das bocas de ambos circulasse, até ficarem quase sufocados.

Durante quase 20 minutos, Ulay e Abramovic dependiam desesperadamente um do outro para sobreviver. Eles compartilhavam a respiração, sem acesso externo ao oxigênio.

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Relation in Time (1977)

Performance realizada no Studio G7 em Bolonha, Itália. Sentados calmamente de costas um para o outro durante 17 horas, Abramovic e Ulay foram ligados uns aos outros pelos cabelos. Eles passaram as primeiras 16 horas fazendo isso apenas para os funcionários da galeria, mas os visitantes foram autorizados a assistir à hora final. No início da maratona eles estavam sentados em linha reta. Mais tarde, quando a fadiga se instala, Abramovic em particular começa a cair um pouco, de modo que o seu cabelo, que estava perfeitamente amarrado começa a desmanchar.

Desde o início da sua cooperação, em 1976, Ulay e Abramovic se viam como "andrógina", como uma unidade contendo os dois elementos masculinos e femininos.

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Rest Energy (1980)

Resto de energia foi uma performance de apenas quatro minutos e 10 segundos, porém muito intensa, que revelou a fragilidade da linha entre a vida e a morte. Abramovic e Ulay se enfrentaram, tendo entre eles um arco e uma flecha, onde Marina tinha seu coração na mira da flecha e Ulay segurava a extremidade sem deixar escapar. Eles colocaram pequenos microfones em seus peitos para fazer audíveis os seus batimentos cardíacos que eram cada vez mais rápidos, em resposta ao crescente perigo. Este trabalho, como várias de suas performances juntos, dependia de uma relação próxima e de confiança.

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Nightsea Crossing (1981-1987)

Foi uma performance de Marina e Ulay e contou com 22 apresentações ocorridas entre 1981 e 1987, em diversas partes do mundo. Essas 22 performances tiveram uma duração total de 90 dias. Os elementos da performance eram duas cadeiras e uma mesa retangular, Ulay e Marina sentavam nas cadeiras posicionadas nas extremidades desta , um de frente um para o outro, imóveis, olhando fixamente nos olhos, em silêncio, sem comer por tempo indeterminado.

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The Lovers - The Great Wall Walk (1998)

Esta performance foi realizada por Marina Abramovic e seu parceiro Ulay. Por caminhos diferentes e complementares, a dupla percorreu a pé toda a extensão da Muralha da China. Marina Abramovic partiu do extremo leste da Muralha, em direção ao oeste, e Ulay saiu do extremo oeste, rumo ao leste, ambos em 30 de março de 1988 e terminou em junho, depois de os artistas se encontrarem na província de Shaanxi. Inicialmente a intenção da performance era que eles se encontrassem no meio da muralha e se casassem, porém irônicamente a performance marcou o fim do relacionamento dos dois.

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Ver Também

Marina Abramovic Institute

The Artist is Present

Referências

Charles Green, “Doppelgangers and the Third Force: The Artistic Collaborations of Gilbert & George and Marina Abramović/Ulay,” Art Journal 59.2: 36–45. Disponível em: http://dtl.unimelb.edu.au/R/15YVYH5X5P1TBAR9LL7QHFEEVSXF3UUK1YSYXUSYMYDCI6BFY2-00201?func=dbin-jump-full&object_id=67683&local_base=GEN01&pds_handle=GUEST Acesso 17 de julho de 2013.

Janet Kaplan, “Deeper and Deeper: Interview with Marina Abramović,” Art Journal 58:2 (1999):6–19. Disponível em: http://www.kim-cohen.com/artmusictheoryassets/artmusictheorytexts/Kaplan_Abramovic.pdf Acesso 17 de julho de 2013.

Art Act Magazine. Disponível em: http://artactmagazine.ro/marina-abramovi-the-spiky-body.html#_ftnref1 Acesso 16 de junho de 2013.

Marina Abramovic Bolgspot. Disponível em: marina-abramovic.blogspot.com.br/ Acesso 15 de julho de 2013.

The Art Story Organization. Disponível em: http://www.theartstory.org/artist-abramovic-marina.htm Acesso 18 de julho de 2013.

It's Liquid, Featured Arist: Marina Abramovic. Disponível em: http://www.itsliquid.com/featured-artist-marina-abramovic-2.html Acesso 18 de julho de 2013.

LIMA - Preserves Media Art. Disponível em: http://catalogue.nimk.nl/site/?page=%2Fsite%2Fart.php%3Fid%3D8037 Acesso 18 de julnho de 2013.

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