Análise Funcional do Corpo no Movimento Dançado

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Edição feita às 23h49min de 2 de julho de 2013 por Gabriel Lima (disc | contribs)
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O que é

A Análise Funcional do Corpo no Movimento Dançado - AFCMD é a terminologia através da qual a área da Educação Somática se desenvolveu na França.


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Nathalie Schulmann em entrevista para o DVD Corpo Aceso.


A entrevista que se segue foi dada por Nathalie Schulmann para o DVD Corpo Aceso, de Silvia Soter.

Nathalie é francesa e é formadora da Análise Funcional do Movimento Dançado.


Entrevista

A Análise Funcional do Corpo no Movimento Dançado, o nome que substitui a Kinesiologia da Dança, poderia ser se resumir a uma frase: “Diga-me como se mantém de pé que te direi como você dança.” Quando eu digo como você se mantém de pé, é sobretudo como você elaborou sua postura, então é evidente que há uma grande parte do trabalho que é orientada para a compreensão da organização postural em relação ao movimento que é investido pelo dançarino. Não é o caso de fazer um estudo postural do tipo Fisioterapia Analítica, onde iríamos olhar como a pessoa se mantém de pé, eventualmente para corrigi-la em relação a um alinhamento justo, mas sim colocar em perspectiva quais as zonas do corpo ela oculta, em função de uma postura inicial que lhe dá acesso mais fácil a certas partes do corpo e acessos menos nítidos – me explico: eu diria que certas posturas tem a tendência de congelar alguns graus de liberdade articular em alguns planos em função de certos movimentos, simplesmente porque um músculo estará o empo todo em contração para sustentar o corpo, ao invés da postura ser a harmonização de tensões a nível do corpo todo. Então é evidente que vou sublinhar esta tomada de consciência do dançarino, dos lugares de tensão, e propor alguns caminhos que possam fazer circular as forças através de seu corpo de maneira mais harmônica, então, efetivamente existem situações de restrições que proponho realinhamentos, por exemplo, através de objetos, de práticas através de objetos, mas o objetivo não é mudar a pessoa sob o plano postural, lhe fazendo acreditar que mudando sua postura a partir do exterior – já que minhas propostas vêm do exterior – ela otimizaria o seu movimento, de dentro. É mais como oferecer um conjunto de ferramentas – Laurence Louppe falaria de um “instrumentarium” – com as quais ela poderá jogar, pois para mim é uma abordagem que tem que se manter lúdica, senão ela leva demais em conta os aspectos psicológicos da pessoa e quando digo psicologia, digo tudo que tocas as suas funções, no que a gente não deve cutucar, mas, ao mesmo tempo, é um método suficientemente perturbador para que a gente não economize esse tipo de questionamento em relação a si próprio. Então é um equilíbrio bastante fino a ser encontrado, entre uma abordagem que propõe algumas situações de restrições que obrigam a pessoa a mudar seus hábitos, ou em todo caso, a tomar consciência destes e questioná-los, mas que ao mesmo tempo não obriga a pessoa a mudar seus hábitos se é sobre estes que pensa estar construído o plano artístico, estilístico e estético.


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Então, a partir do que pude criar como situação de restrições permitindo esses ajustes posturais, esses questionamentos em relação a nossos hábitos, as coordenações recorrentes, que retornam sistematicamente para uma mesma pessoa, na forma como ela administra, eu diria, a quantidade de peso que ela investe no movimento, pois chegamos a decriptar que para uma pessoa, para cada um de nós tem uma maneira de regular a tonicidade postural que vai dar um sentimento de relação ao espaço extremamente específico, que seria o que Rudolf von Laban chamou de “assinatura corporal” e eu num determinado momento torna-se uma carteira de identidade gravitacional. No trabalho que faço com os coreógrafos, de maneira “veterinária”, ainda hoje, vou decriptar do meu jeito, com as minhas ferramentas, alguns sintomas da relação com a gravidade que o coreógrafo ou os dançarinos da companhia podem revelar e, a partir daí, em função da obra que se elabora e em função do sentido que percebo da obra, eu vou fazer proposições em relação a eventuais transformações, nuances, e, relação a este estado gravitacional, é como se pude reinterpretar do que Yano chamava de artificio, é um pouco de minha maneira, que eu aprendi. Num determinado momento há uma etapa com os coreógrafos e os dançarinos/intérpretes que seria da ordem da tomada de consciência biológica dos mecanismos e em seguida uma outra etapa que seria a elaboração de novas coordenações, novos padrões, talvez mesmo mutações da tonicidade em vista da elaboração de uma obra que emanaria um sentido, para extrair a recepção que o público faria da obra. Existem duas etapas. Para mim, não é o caso de aplicar as bases fisiológicas do corpo no movimento em cena, é uma ferramenta mediadora, de forma alguma uma ferramenta criadora.


Fonte


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--Gabriel Lima 20h49min de 2 de julho de 2013 (BRT)

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