Dancehall

De Wikidanca

Edição feita às 02h29min de 25 de julho de 2013 por Natalia (disc | contribs)
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Dancehall é um estilo musical popular jamaicano, uma vibrante cultura, globalmente influente mistura de música, moda e estilo de vida com desenvoltura desde o seu início. Dancehall está no centro da vida musical e cultural jamaicana e superou em exportação o seu precedente e grande influência, o reggae. Suas raízes são da periferia de kingston, em 1950 e popularizou-se na década de 70. O dancehall conquistou o mundo, espalhando-se para os EUA, Reino Unido, Canadá, Japão, Europa e mais além.

O estilo moderno do dancehall, é híbrido e caracteriza um DJ ou um “MC-jay” que canta e produz as próprias batidas (riddim) com colagens de reggae ou com recursos musicais originais.

Em meados dos anos 80, o instrumental ficou mais digital mudando o som consideravelmente. Com o tempo o dancehall digital (popularmente conhecido por ragga) foi cada vez mais sendo caracterizado por ritmos mais acelerados com pouca conexão com os ritmos do início do reggae. Pelos anos 90, o cruzamento do dancehall com muitos gangsta rapPERS era comum.

A popularidade do dancehall gerou para seu público movimentos de uma dança energizante em suas festas e performances acrobáticas de palco. Muitos movimentos de dança vistos em vídeos de hip hop são variações de danças dancehall. Exemplos de tais danças são: "Like Glue", "Bogle" "Wine & dip", "Tek Weh Yuhself", "Whine Up" (um mix de vários gêneros), "Boosie Bounce", "Drive By", "Shovel It", "To Di World", "Dutty Wine", "Sweep", "nuh behavior","nuh linga", "skip to my lou", "gully creepa", "bad man forward bad man pull up", "keeping it jiggy", "pon di river", "willie bounce", "wacky dip", "screetchie", "one vice (uma dança underground)" e "Daggering".

Tabela de conteúdo

História

O termo dancehall veio dos espaços onde as sound systems (grupos musicais com deejays e mc´s) realizavam suas festas e tocavam as gravações populares jamaicanas. Essas festas eram chamadas de "dance halls". Mudanças políticas e sociais no final dos anos 70 na Jamaica srefletiram em um distanciamento do reggae roots mais internacionalizado em vista a um estilo mais orientado ao consumo local. O governo socialista (PNP) foi substituído pelo governo de direita (JLP). Temas de injustiça social, repatriação e de temática rastafari foram ofuscados por letras sobre festas, violência e sexualidade explícita em meio ao auge da violência política e o aumento de gangues na periferia de Kingston.

As sound systems no seu inicio tinham ícones como King Stitt (Winston Cooper or Winston Sparks) e alguns outros poucos deejays jamaicanos fazendo o trabalho com as pick ups. King Stitt que começou sua carreira como a maioria dos músicos jamaicanos da década de sessenta, no Studio One. Trabalhou com Coxsone nos idos dos anos sessenta juntamente com Count Machouki e Red Hopeton formando o trio de deejays denominado Big Three. King Stitt apesar de ter gravado muito com Coxsone, nunca teve o respaldo merecido no Studio One, somente após gravar com Clancy Eccles, ficou sendo considerado o Number One, deixando U Roy com o segundo lugar como deejay

Uma das principais características do dancehall dos anos 70 é o termo usado para definir as letras com sexualidade explícita e a atitude do mc, o Slackers ou Slackness. Nessa mesma época no final dos anos 60, o rastafarianismo já estava sendo propagado por toda a Jamaica, com o Rastafari Chant e Nyabingui, grupos que faziam esse tipo de música gravavam, produziam letras com um teor de louvor e espiritualidade constantes.

O Dancehall teve seu grande “boom” no final da década de 70, artistas como Barrington Levi, Sugar Minnot, Yellowman, Ini Kamoze, Half Pint, Charlie Chaplin, Dillinger, Triston Plalma, Eak a Mouse, King Kong, Nitty Gritty, General Echo juntamente com grandes músicos e produtores fortaleceram uma vertente do reggae, mais rítmica, com grooves dançantes e apresentações que agitavam cada vez mais o público. Instrumentistas como Sly Dunbar e Robbie Shakespeare produziam cada vez mais e com mais grupos. Bandas de apoio como Roots Radics e Sagitarius Band, fizeram com que o dancehall ficasse sendo a vertente do reggae mais tocada e badalada da Jamaica. No final dos anos 70, no guetto jamaicano se criou um termo, ou gíria , para uma nova definição do dancehall; Raggamuffin ou a abreviação póstuma Ragga, essa nova forma de denominar o dancehall, deu início a um novo passo no formato de produção musical na Jamaica.

A Dança

Os passos de dança, em sua maioria, querem passar mensagens bem diretas, que pelo próprio nomes já podem ser entendidas. Por exemplo, o “Tek Weh Yuhself” (algo como “Take to yourself”, traduzido do inglês em dialeto afro-jamaicano), em que se executam movimentos com os braços, como se estivesse puxando algo para si próprio. Questões de gênero são muito fortes no Dancehall, existem passos masculinos e femininos, todos com intenções de auto-afirmação e muita sedução. As garotas são conhecidas como as “Dancehall Queens”, dançarinas com trajes chamativos e sensuais, expõem alta flexibilidade em movimentos acrobáticos que explicitam sua capacidade de isolamento do quadril e do peitoral. Performance e energia pura são exploradas em momentos específicos das festas tornando-as verdadeiras musas em uma exposição semelhantes às meninas do funk carioca e seus “quadradinhos”. Há concursos internacionais que escolhem as melhores “ Dance Queens” em deferentes categorias e elementos de suas performances a exemplo do Internationa Dancehall Queen, da Jamaica. Os chamados “Rude Boys” são os rapazes que se vestem com bermudas largas, enormes correntes douradas, blusas abertas que executam movimentos fortes, que expressam orgulho de suas origens e de suas formas de enfrentar os inimigos ( com agressividade, expressam algo como “chamar para a briga”. Dançam utilizando muito do quadril, projetando-o para frente, a fim de “ostentar” os atributos da região pélvica em expressões “marrentas” e duras.

Hoje, o Dancehall e seus passos ganham espaço intenacional, podendo ser encontrados das mais variadas formas video clips de hip-hop. Diversas crews de dançarinos se popularizam, criando e divulgando esses passos, juntamente com os deejays como Elephant Man e Beenie Man, que compõem músicas sobre os novos passos que surgem. Uma das principais difusoras desta linguagem é a francesa Laure Courtellemont, que em um momento de sua vida se apaixonou pelas danças de influência africana e passou a praticar, coreografar e pesquisar o Dancehall. Criou a marca Ragga Jam, nome designado para a sua técnica de ensino da dança, uma concepção pedagógica e visão coreográfica da cultura jamaicana. Através de cursos e workshops, ela forma professores e bailarinos em diversos países. No Brasil, já existem academias e estúdios com essa modalidade, com professores formados nas técnicas do Ragga Jam.


Música

Os grooves dançantes que agitavam o público surgiram no final da década de 70 formando uma nova forma de produção musical jamaicana. O Dancehall trouxe novos elementos à cultura do reggae e tornou-se sua vertente mais tocada. Em 1985 King Jammy um dos pupilos de King Tubby, criou em seu estúdio o primeiro riddim computadorizado com um teclado de modelo bem simples. O clássico Sleng Teng, o riddim foi batizado com o nome da música de Wayne Smith “Under Me Sleng Teng”, que fez juntamente com King Jammy a primeira gravação, após Wayne Smith, King Jammy gravou com vários outros artistas em seu estúdio, incluindo Tenor Saw (Ring the Alarm/ Pumpkin Belly), Johnny Osbourne (Buddy Bye Bye). O riddim foi ouvido pelo público em 23 de fevereiro de 1985, num clash entre a sound system de King Jammy e Black Scorpio em Waltham Park Road. Além destes, o riddim Sleng Teng, continua sendo gravado por outros artistas até hoje, 9 entre 10 cantaram ou iram cantar em cima do riddim de reggae mais sampleado e utilizado de todos os tempos. No ano de 2005 foi lançado um cd comemorativo com uma nova versão do riddim, Sleng Teng Ressurection, que contou com a adição de metais no instrumental. Hoje se for procurar pelo número de músicas gravadas com o riddim sleng teng ou stalag como também é chamado, a quantidade de versões chega a mais de 200 registros, catalogados, sem contar ainda as gravações sem registro. Nos anos 90, artistas de peso do Dancehall/Ragga incluindo Buju Banton que se converteu ao Rastafarianismo, Beenie Man, Capleton, Sizzla, dentre os mais famosos, passaram a mudar o conteúdo de suas letras, deixaram seus dreads crescerem, e começaram a trazer o termo “counciousness” de volta a tona, as letras mudaram, até certo ponto, seu conteúdo que era praticamente voltado para o guntalk e slackness, mudou para o rastafarianismo e mensagens de louvor a Jah. O slackers ainda continua forte na Jamaica com artistas como Vybz Kartel, Elephant Man, Ward 21, dentre outros. Nesse meio tempo em meados dos anos 90 surgiu uma nova denominação com a “conversão” desses artistas, o New Roots ou Nu-Reggae. New Roots é como se fosse a “Nova Escola” do reggae, artistas que conseguiram recriar um movimento de reggae consciente falando basicamente o que aqueles que vieram primeiro diziam, assim como Burning Spear falava com instrumentais e conceitos inovadores no reggae roots nos anos 70. Artistas que ganharam notoriedade pelas suas produções mais atuais como Capleton e Sizzla que lançam singles mensalmente e chegam a gravar 2ou 3 discos em um semestre, conseguiram alavancar mais ainda a venda e a comercialização do reggae, chegando a um público cada vez maior.


Livro

LESSER, Beth: Dancehall: The Story of Jamaican Dancehall Culture; Editora Soul Jazz Publishing, 2008 ISBN 0955481716, 9780955481710

Video

Sound Clash: Jamaican Dancehall Culture at Large de Carolyn Cooper

Referências

http://pt.wikipedia.org/wiki/Dancehall- Acesso em 16.07.2013

http://ww2.reggae-dancehall.net/the-origins-of-dancehall-reggae Acesso em 15.07.2013.

http://www.internationaldancehallqueen.com/ - Site do International Dancehall Queen Jamaicano- Acesso em 14.07.2013.

http://jamaica-star.com/thestar/20060331/ent/ent1.html- Acesso em 13.07.2013.

http://www.vice.com/pt_br/tag/dancehall+jamaicano- Acesso em 15.07.2013.

http://muse.jhu.edu/journals/smx/summary/v011/11.1bakare-yusuf.html- Acesso em 15.07.2013.

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