Eros Volúsia

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Bailarina que uniu balé clássico e ritmos brasileiros nos anos 30 e 40, intitulada como Isadora Duncan brasileira, inspirou-se na natureza e na cultura do país, imprimindo na dança, de maneira pioneira, traços das raízes nacionais. Levou pela primeira vez ao mais tradicional reduto clássico do balé, o palco do Teatro Municipal do Rio, um bailado de contorno popular.


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Tabela de conteúdo

HISTÓRIA

Heros Volúsia Machado (1 de junho de 1914 / 1 de janeiro de 2004) nasceu no Rio de Janeiro no bairro de São Cristovão. Seu talento artístico sofreu grande influência familiar, pois era filha do poeta Rodolfo Machado e Gilka Machado, simbolista e eleita "a maior poetisa do Brasil" em 1933, seus avós maternos também possuíam habilidades artísticas: o avô, Hortênsio da Gama Sousa Melo, era poeta e sua avó Teresa Cristina Muniz, atriz de rádio e teatro.


Sua mãe e sua avó abriram uma pensão na Rua São José, centro do Rio de Janeiro, freqüentada por intelectuais do início do século XX. Eros além da influência familiar conviveu neste espaço com figuras renomadas da política e da intelectualidade brasileira, apresentou-se em um sábado festivo para a então primeira-dama Darcy Vargas e conheceu escritores como o jovem Nelson Rodrigues e outros expoentes da arte nacional, tal como Arthur Azevedo, Coelho Neto, Olavo Bilac, Carlos Gomes e Chiquinha Gonzaga.


Historicamente, as primeiras décadas do século XX no Brasil foram períodos de construção de uma identidade e de valorização da mestiçagem. Eros Volúsia vivenciou toda esta profusão de idéias de vanguarda que fluía neste período: Semana de Artes Moderna, Gilberto Freire com o trabalho Casa Grande & Senzala, Getúlio Vargas e a política desenvolvimentista. E foi nesse contexto de nacionalismo crescente, de turbulência e novas propostas de interpretação do Brasil que Eros criou uma nova estética, incorporando novas metodologias na dança, teve a inteligência e sensibilidade de mesclar as danças populares nacionais à técnica clássica. A singularidade de seus movimentos criou identidade própria para sua dança, expressando a diversidade cultural que pulsava e que percebia suas raízes no híbrido, na miscigenação.


Eros foi aluna de Maria Olenewa, na então Escola de Bailados do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, hoje Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, estreou no Teatro Municipal e pouco depois podia ser considerada a inventora da dança brasileira. O poeta Augusto Lima, depois de vê-la dançar a Morte do cisne, Lenda de um beijo e Agonia da saudade, disse: Aquelas pernas inquietas estavam firmando os alicerces do bailado nacional. Em sua primeira apresentação no Teatro Municipal, em 1929, onde participou de uma homenagem ao então presidente Washington Luiz, a bailarina apareceu dançando descalça, acompanhada por violão e batucadas. O que se caracterizou, naquele período, uma ousadia, tendo em vista as tradições daquele espaço.


As danças místicas dos terreiros, os rituais indígenas, o samba, o frevo, o maxixe, o maracatu e o caboclinho de Pernambuco foram algumas das fontes de pesquisa artística da bailarina. Suas coreografias eram caracteristicamente brasileiras: Amor de Iracema, Peneirando o fubá, Moleque capoeira, Cascavelando e O Guarani - espetáculo apresentado no Teatro Municipal e que teve a presença do presidente Getúlio Vargas e de seu corpo diplomático. Numa de suas coreografias ("Macumba") criou um movimento de cabeça até hoje imitado por grupos de dança folclórica.


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A primeira bailarina a dançar samba de sapatilhas. Usava trajes de baiana com a barriga de fora, apresentava-se em cassinos e boates do país. Imprimiu ginga aos quadris e criou movimentos coreográficos sobre ritmos brasileiros como Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, Brejeiro, de Nazareth e Mignone, Eros Volúsia chamou a atenção no Brasil e no exterior. Um momento decisivo de sua carreira foi a apresentação, no Municipal carioca, em 1937, de uma coreografia solo acompanhada pela orquestra regida por Francisco Mignone.


Fez tanto sucesso que atraiu a atenção da revista americana "Life", tendo sido capa da edição de 22 de setembro de 1941. Até hoje, foi a única sul-americana a estampar a primeira página da conceituada publicação americana. Atuou em vários filmes nacionais: Favela dos Meus Amores (1935), Samba da Vida (1937), Caminho do Céu (1943), Romance Proibido (1944) e Pra Lá de Boa (1949). E a fama internacional definitivamente aconteceu após participação no filme Rio Rita (1942), uma comédia da Metro-Goldwyn-Mayer, dirigida por S. Sylvan Simon. Apresenta-se neste filme em número musical que utiliza temas afro-brasileiros.


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Até Carmem Miranda entrou no time dos admiradores e dela copiou os graciosos movimentos de braços que vieram a se tornar sua marca.


Na França, onde se apresentou diversas vezes, ficou conhecida como “La Muse Sucrée”, devido a Volúsia, um monte nos Estados Unidos exportador mundial de mel. Sua mãe foi quem deu à artista esse nome original.


Inaugurou o que seria futuramente conhecido por “dançarino-pesquisador”, que resgata a formação do conhecimento artístico – a técnica – com a sensibilidade artística, para além dela. Usava de todo recurso que o corpo podia expressar, com os movimentos de olhos, mãos, quadris, e na boca um convidativo sorriso. Cria uma dança alegre e híbrida, ao mesmo tempo brasileira e universal. Seu corpo era o instrumento da inovação. Professora do Serviço Nacional de Teatro criou um curso de coreografia, que se tornou o primeiro curso de dança no Brasil a aceitar bailarinos negros. Em 2002, a Universidade de Brasília (UNB) criou o Centro de Documentação e Pesquisa Eros Volúsia, vinculado ao seu Departamento de Artes Cênicas. Em 2005, Roberto Pereira, professor de História da Dança e crítico de dança do Jornal do Brasil publicou a biografia intitulada Eros Volúsia. Solteira, sofreu um derrame cerebral na manhã do dia 31 de dezembro em sua casa, no Leblon, e venho a falecer no dia 1º de janeiro de 2004, aos 89 anos. (O Globo, 02/01/04)


Foi em uma das inúmeras entrevistas dadas à revista O Cruzeiro que Eros Volúsia sintetizou sua missão artística: - “Dei ao Brasil o que o Brasil não tinha, a sua dança clássica”.


LIVROS RELACIONADOS

- "Eu e a Dança" - Eros Volúsia


- "Eros Volúsia" - Roberto Pereira


FILMES RELACIONADOS

- Eros Volúsia - A Dança Mestiça de Dimas Oliveira Junior


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIVROS


- PEREIRA, Roberto. Eros Volúsia – A criadora do Bailado Nacional. Coleção Perfis do Rio. Rio de Janeiro: Editora Relume Dumará , 2004.


- SILVA, Soraia Maria. Poemadançando: Gilka Machado e Eros Volusia. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2007.


- VOLÚSIA, Eros. Eu e a Dança - Revista Continente Editorial, 1983.


OUTRAS FONTES


- Arquivo Jornal do Brasil


- Arquivo jornal O Globo


- Arquivo Banana&Etc no endereço http://www.bananaetc.blogger.com.br/



LINKS EXTERNOS

- Página da artista na wikipédia [[1]]

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