Grupo Coringa

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Breve Histórico:

O Grupo Coringa foi fundado em 1977 pela coreógrafa e bailarina uruguaia Graciela Figueroa. O grupo formado por artistas de todas as áreas, não só de dança, se formou a partir de um workshop ministrado por Graciela no Parque Lage, centro de enfervecência artística da época. Após o primeiro encontro do grupo, os artistas criaram uma dinâmica e uma disciplina com os encontros, tornando-os mais frequentes, que com a direção de Graciela passou a ser reconhecido como um dos mais importantes grupos de dança contemporânea do Brasil.

Grupo Coringa

"O Coringa, desde o início, constituiu-se de bailarinos com formação
diversificada, atores, mímicos, acrobatas, músicos e ‘não-bailarinos’ - artistas de outras
áreas, que, a partir de propostas interdisciplinares na arte, passavam a integrar a cena,
anunciando também uma síntese entre arte e vida diária." (RUIZ, pg. 48, 2005)


Um Contexto de Contra-Cultura:

O Grupo Coringa foi fruto de uma geração que tinha necessidade de falar de si própria, de assumir a autoria de seus espetáculos, de buscar novas relações para a criação e uma nova relação entre si, em que o trabalho significasse também a possibilidade de conviver num espaço afetivo e lúdico. Mais que um grupo artístico o Coringa também possui características comunitárias. Um grupo de amigos, uma espécie de família, que morava junto, trabalhava e se divertia juntos. Segundo Giselle Ruiz, em entrevista com Graciela, os ideias comunitários que perpassavam o Grupo Coringa apresentavam nítidas semelhanças com as comunidades norte-americanas de jovens artistas da década de 1960. Este era o ambiente cultural que inspirava os artistas da época.


No Rio de janeiro, em 1977, era a retomada de uma produção (contra) cultural ainda no sistema ditatorial, mas numa perspectiva desse sistema menos agressiva. Depois de viver um regime de censuras e perseguições na década de 60, jovens, artistas e militantes, a resistência, se unia novamente para novas possibilidades de produção. Ainda segundo Ruiz, a cidade do Rio vivia uma enfervecência emergencial. Era urgente a necessidade de romper, de transformar e dar início a uma outra forma de pensar e fazer arte, que estivesse mais conectado com o cotidiano da época. Muitos grupos surgiram nessa época, foram os primeiros passos da dança contemporânea no Brasil. O grupo Coringa foi um deles.


Em dança, o Grupo Coringa introduziu uma prática cuja produção e criação estavam inseridas no contexto das Companhias Independentes de Dança, tentativas pioneiras de resistência durante as décadas de 1970 e 1980 no Rio de Janeiro. O Grupo Coringa também buscava novos espaços para a dança: o MAM/RJ, o Parque Lage, o Teatro Cacilda Becker, o Circo Voador (inicialmente no Arpoador e depois na Lapa), e a Quinta da Boa Vista.


O Grupo Coringa provocou grande impacto na cena da dança carioca, trabalhando ininterruptamente no Rio de Janeiro por mais de dez anos, formando toda uma geração de artistas, educadores e terapeutas corporais, cuja grande maioria permanece atuante até os dias de hoje.


Prêmios:

Michel Robin, com a apresentação no Teatro Castro Alves do trabalho solo Animus, elaborado a partir das aulas de expressão corporal com Angel Vianna, e que em 1977 ganhava o prêmio de melhor bailarino no 1º Concurso Nacional de Dança Contemporânea da Universidade Federal da Bahia, na época o mais importante evento de dança realizado no Brasil. Em 1978, com a criação coreográfica Conta Um Conto, o Grupo Coringa recebia o prêmio de melhor espetáculo no 2º Concurso, e em 1979, durante o 3º Concurso, recebia o 1º prêmio em três categorias: melhor espetáculo para Tema e Variações, coreografia de Carlos Afonso, Debby Growald e Graciela Figueroa; prêmio de melhor bailarino para Michel Robin com o trabalho solo Gnomo Cigano; prêmio de melhor bailarina para Mariana Muniz com o trabalho solo Re-Vide. Consagravam-se, então como artistas criadores de uma nova linguagem de dança brasileira.


O nome Coringa, a princípio, se relacionava à questão performática, que desde o início esteve presente no cotidiano do grupo: tinham como proposta de trabalho uma disposição permanente para trocar de papéis e para adaptar a coreografia, de acordo com o espaço disponível e a situação que se apresentava, vivenciando um desafio constante. Como o coringa do baralho que pode substituir qualquer outra carta e tem funções variadas num mesmo jogo, o Grupo Coringa também trabalhava com flexibilidade de criação e atuação, com o improviso, com múltiplas facetas da dança. O repertório coreográfico do grupo também estava impregnado de um jeito de ser coringa. E, nesse sentido, podem ser considerados trabalhos inacabados, estando sempre abertos a uma continuidade, uma renovação e, portanto, a uma reapropriação.


Alguns trabalhos do Grupo:

Três coreografias simbólicas do Grupo Coringa: a primeira obra é composta por movimentos inspirados nas artes marciais e foi construída por Graciela ainda no Uruguai, antes de sua chegada ao Rio de Janeiro; a segunda, um solo transformado para um grupo de bailarinos, foi criada ainda em Belo Horizonte e a bola dourada utilizada por eles simbolizava o cometa Halley; e a terceira obra foi criada para a 4ª edição da histórica Oficina de Dança Contemporânea de Salvador e logo se tornou a marca do grupo, ficando conhecida como a “coreografia dos anjinhos”. Entre os importantes nomes que participaram do Grupo Coringa e que dançaram essas obras, figuravam: Carlos Afonso, Debby Growald, Deborah Colker, Guto Macedo, João Carlos Ramos, Lígia Veiga, Mariana Muniz, Michel Robin e Regina Vaz.


É possível assistir o registro do espetáculo dos "anjinhos" no youtube: Coringa

Ver também:


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