Balé Habeas Corpus

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Desde a sua tumultuada saída dos domínios da Universidade federal do Amazonas, o Balé Habeas Corpus passou a ser um grupo independente. Em 1997, quando estreou no Teatro Amazonas o recital dança-teatro “Vozes de Soror Saudade”, sua primeira grande produção coreográfica, com duração de 50 minutos e baseada na vida e obra da poetisa portuguesa Florbela Espanca, o Balé Habeas Corpus responderia com trabalho e competência às injustas acusações que sofreu quando estava subordinado à Faculdade de Educação Física.


Essa competência se traduzia não somente na criação de um espetáculo mas, principalmente na nova proposta de produção em dança que o grupo introduzia no meio artístico local: a manutenção de repertório. Por essa razão, “Vozes de Soror Saudade” ficou em cartaz por mais de um ano, sendo apresentado em diversos locais: Teatro Amazonas, Fecani, Centro Cultural Palácio Rio Negro, Centro de Artes Bandeirantes, Parque do Mindu e Escola de Dança Lilian Neves. O grupo pretendia ainda manter a produção por mais tempo, viajar para festivais no Sul do país e participar de eventos de artes cênicas em São Paulo, mas a súbita saída de três membros inviabilizou a continuidade do projeto.


Ao contrário da maioria dos grupos locais, que estão presos a uma técnica específica, o Balé Habeas Corpus se mostrou livre de preconceitos e assimilou diversas tendências e estilos artísticos. Desde os tempos do Gedef, já experimentava a fusão das técnicas de dança e teatro, criando a coreografia Mutismo (1994), sobre o drama vivido por centenas de mulheres na Bósnia, e, já sob atual designação, Vozes de Soror Saudade, no qual os membros do grupo além de dançar, utilizavam a voz para recitar sonetos e a expressão corporal para dramatizar o enredo.


O grupo teve também uma breve experiência com dança de rua e jazz, quando montou Acid (1995). Experimentou também os balés abstratos com Latinidad (1994), inspirado em traços da identidade latino-americana, e Motus Animi (1998), que originalmente utilizava somente canções e temas medievais, mas que recebeu a adição de uma peca moderna na trilha musical da remontagem para a temporada 2000-2001.


Em 1998, o grupo tentou um retorno à dança teatralizada com a montagem de Tacacá Society, só que desta vez, ao invés da exploração do lirismo e da dor, enfatizava o lado cômico através de auto-retrato de Manaus. A proposta era audaciosa: ricos figurinos, cenografia interativa, texto de Luís Fernando Veríssimo, música de Piazzolla, Pedro Junco Jr, Herivelto Martins e Fausto Fawcett, e ainda a participação de bailarinos de outros grupos de dança do ventre e salão.


Por ser um projeto audacioso, envolvendo mistura de estilos, como teatro, dança de salão dança do ventre, mimica, malabarismo circense e artes marciais, o espetáculo acabou sendo preterido pela montagem, em 1999, de Mazombo – Concerto das Três Raças, que utilizou integrantes do Grupo de Capoeira Mar Azul e marca o início da fase de parcerias do Balé Habeas Corpus.


Coreografado por Adalto Xavier, diretor artístico do Balé Habeas Corpus, e Joãozinho da Figueira, diretor artístico do grupo de Capoeira Mar Azul, o espetáculo Mazombo – Concerto das Três Raças sintetiza não só a união da dança contemporânea com a capoeira, mas também a assimilação de uma movimentação proveniente de outros estilos e técnicas, como do kung fu, da dança folclórica e da ginástica olímpica.


Por questões de adaptação de linguagens corporais, a união Habeas Corpus – Mar Azul decidiu dedicar-se a um período de adaptação recíproca antes de fazer a estreia definitiva de Mazombo – Concerto das Três Raças, o qual, apesar de estar finalizado desde o primeiro semestre de 2000, só estreou no semestre do mesmo ano e, mesmo assim, com a supressão temporária de algumas coreografias do 1º e 2º atos. Elas foram reintegradas, entretanto, alguns meses depois quando problemas técnicos de cenografia e sincronia de conjunto foram solucionados.


As razoes da demora para a estreia foram muitas: maior cuidado na criação do material de divulgação, esquema ostensivo de marketing e, principalmente, cauela para testar a viabilidade da utilização de um cenário real conjugado com um cenário virtual, feito a partir de imagens em VT e animação a partir de ilustrações do publicitário Frederico Barros Teixeira.


Um ponto bastante interessante a se observar na história do Balé Habeas Corpus e de alguns outros grupos locais é o fato de suas produções serem realizadas na maioria das vezes sem apoio nenhum. Desde que se desligou oficialmente da Universidade do Amazonas, o grupo perdeu a estrutura básica para se fazer dança: sala, espelhos e barras, tendo de recorrer a espaços alternativos como academias de artes marciais, salões paroquiais, residências de amigos, clubes e associações de trabalhadores.


Em meio a crises de estrelismo, falta de profissionalismo e a inevitável fogueira das vaidades, o grupo está em recesso há algum tempo, ainda sem previsão para retorno.



Fonte: Dançando Conforme a Música.



GabihortencioGabihortencio 19h47min de 4 de julho de 2011 (BRT)

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