Christine Greiner

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Foto: Bob Paulino


Christine Greiner é professora Dra da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP. Coordena o curso de graduação em Comunicação e Artes do Corpo, que ajudou a criar. Desenvolve sua pesquisa na área de comunicação, com enfoque em estudos interdisciplinares do corpo. É parceira de trabalho de Helena Katz, com quem desenvolve o conceito de Teoria Corpomídia. É especialista em estudos do corpo no Oriente e teve dois de seus pós-doutorados realizados no Japão. É jornalista, professora e pesquisadora, e vem contribuindo ao longo dos anos com a construção de uma pensamento e reflexão crítica sobre a dança.


Tabela de conteúdo

Breve Biografia

Christine Greiner é graduada em jornalismo pela Faculdade Casper Líbero e possui mestrado e doutorado pela PUC/SP. Segundo relata em entrevista dada ao Globo Universidade (2012) fez dança desde os 4 anos de idade e foi através de seu interesse por essa arte que voltou à estudar, após terminada a graduação e já com alguma experiência na área de jornalismo. Filha de mãe alemã e de pai chinês, Greiner sempre se interessou pelas diferenças culturais entre Oriente e Ocidente. Seria através de seu desenvolvimento como pesquisadora que apareceria, mais tarde, a ponte para esse estudo. Hoje coordena o Centro de Estudos Orientais no Programa de Comunicação e Semiótica da PUC. Lançou também dois livros que tratam da temática: "O Teatro Nô e o Ocidente" e "Butô: pensamento e evolução".


Christine fez dois de seus três pós-doutorados no Japão, em Tóquio e Kyoto. Partindo de pesquisas sobre dança e teatro japoneses, ela desenvolve investigações acerca do corpo utilizando formulações e conhecimentos de campos como comunicação, semiótica, linguística, teoria da arte, filosofia, ciências cognitivas e neurociências. Assim ela conta:

"Foram dois os caminhos que me fizeram voltar para a universidade depois da graduação. Um deles foi a dança. Eu
dançava desde os quatro anos de idade e estudei em academia de dança. Depois me graduei em jornalismo e trabalhei
alguns anos na Editora Abril, passei pela revista Capricho, pela Veja, e aí, de repente, fui parar numa
revista que se chamava Dançar. Comecei fazendo free lance, mas acabei me envolvendo demais, virei editora e
fiquei lá durante oito anos. E foi trabalhando nessa revista que fiquei com vontade de voltar a estudar. Era uma
revista especializada, que permitia um aprofundamento maior que na imprensa diária. Fiquei com vontade de estudar não
apenas a dança, mas o corpo como um todo. Fui fazer mestrado na área de Comunicação e Semiótica na PUC e conheci o
professor Haroldo de Campos. Com a ajuda dele, me interessei pelos estudos sobre o Oriente."(GREINER. Entrevista,
2012)


Outro aspecto relevante de seu percurso profissional é sua parceria com a também professora Dra Helena Katz. Juntas, desenvolvem em artigos, palestras, congressos e aulas a "Teoria Corpomídia", projeto de pesquisa desenvolvido no Programa de Comunicação e Semiótica, da PUC. A partir dessa pesquisa, o corpo ganhou um novo olhar acadêmico, interdisciplinar. Também pela perspectiva do corpo, Greiner fez parte do grupo de professores que fundaram o curso de Comunicação das Artes do Corpo, na PUC, em 1999. O novo curso tinha uma proposta bem peculiar para o estudo de comunicação, com habilitação em dança, teatro e performance.


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foto:Edouard Fraipont.


O curso de Comunicação das Artes do Corpo

O curso surgiu em 1999, segundo relata Greiner em entrevista, a iniciativa ocorreu pelo então diretor da faculdade de comunicação, Norval Baitello. O diretor formou um grupo de professores com a incubência de pensar um novo curso de graduação que não fosse centrado nos estudos de comunicação social, mas na comunicação do corpo. A equipe de professores convidados poe Baitello, planejou e começou a dar aulas, a proposta era pensar e testar o corpo a partir de disciplinas que normalmente se mantém distantes.


O projeto tinha como fundamento um curso de arte, que foi chamado de artes do corpo (dança, teatro e performance). A grade curricular foi elaborada pensando no cruzamento entre teoria e prática, não apenas da arte, mas de tudo que era entendido pelos docentes como "teorias do corpo". Conta Greiner,

"Eu comecei lecionando disciplinas que tinham nomes como “Leituras do Corpo”, “Artes do Corpo”, “Fundamentos da
Comunicação Corporal”. Agora, passados mais de dez anos, já não chamamos mais isso de interdisciplinaridade ou
transdisciplinaridade, mas sim de “indisciplina”. É realmente um rompimento com os limites das disciplinas."(Greiner,
2012)


Christine Greiner relata ainda que a primeira turma formada, com mais de 80 inscrições, era de profissionais ligados à dança que já atuavam no mercado. Era um nicho ainda não explorado, uma graduação com um caráter bastante reflexivo, mas sem deixar de ser prática. Uma formação não tradicional para dança e teatro e a única com habilitação em performance no Brasil, até os dias de hoje.


O Corpo para Greiner

O corpo entrou muito cedo na trajetória de Greiner como objeto de estudo, desde que retornou à faculdade para fazer o curso de mestrado. A pesquisadora se vale das epistemologias do corpo que vêem sendo investigadas a partir de cruzamentos entre autores que trabalham com grades teóricas distintas, mas temáticas correlatas. A chave da pesquisa é relacionar estes tópicos com ensaios críticos que discutem modos e estratégias de poder no âmbito da cultura. O entendimento do corpo decorrente destas pontes epistemológicas evidencia que o corpo não é instrumento ou objeto de algo ou alguém, mas processador de laços comunicativos.

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Como resultado deste projeto, além dos artigos escritos em parceria com a professora Katz, deve ser destacado o livro "O Corpo, pistas para estudos indisciplinares", publicado em janeiro de 2005. Gostaríamos de transcrever trechos de um release do livro, escrito por Roberta Ramos - pesquisadora/coordenadora do projeto Acervo RecorDança e doutoranda em Teoria da Literatura pela UFPE.(disponível em:O Caminho do Canto


"(...) A priori, a autora concentra-se nas perspectivas teóricas das décadas de 80 e 90, responsáveis por
originar algumas das mais importantes teorias do corpo na contemporaneidade. Mas, além de relacionar essas
perspectivas com uma ampla história de pensamentos sobre o corpo oriundos de áreas as mais diversas, o seu modo de
fazê-lo é privilegiando a interação, e não a justaposição, entre idéias e conceitos emergentes de diferentes contextos
históricos.

(...)

O que faz não se trata de uma revisão, mas de uma leitura crítica da bibliografia sobre a matéria. E o faz a partir
da perspectiva do presente e de pontos de vista com os quais tem afinidade. Um dos principais é aquele segundo o qual
o corpo precisa começar a ser mapeado como um sistema, e não como um instrumento ou produto. Esse é o pressuposto
para boa parte das idéias resultantes do diálogo, produzido por Christine, entre diferentes domínios teóricos que se
debruçaram sobre o corpo.

Como sistema, o corpo interage com o ambiente. Ele não é um produto pronto e autônomo de modo que possamos distinguir
o que lhe é próprio em oposição ao que lhe é exterior, uma vez que o que se costuma chamar de ‘si-mesmo’ não diz
respeito apenas ao interior do corpo, mas às conexões do interior com o exterior (Gerald Edelman apud Greiner).
É interessante observar que o arranjo operado por Greiner entre as linhas teóricas que estudam o corpo está
totalmente impregnado do pressuposto de corpo como sistema. Através de pontes entre a ciência, a filosofia e a arte,
o corpo composto das tantas teorias discutidas pela autora funciona como um sistema cujas partes são,
necessariamente, intricadas, inter-relacionadas. E, ainda, a relação dessas perspectivas teóricas com o contexto (ou
ambiente) sócio-histórico que as produziu é evidenciada, para entendermos que elas também precisam ser pensadas como
sistemas. Nesse sentido, muito interessante é uma espécie de análise do discurso que a autora faz das metáforas do
corpo (corpo-organismo, corpo-máquina, corpo sem órgãos etc.), mostrando como as imagens usadas para pensar o corpo
têm relação com a concepção de mundo subjacente ao momento histórico, econômico, ideológico, em que essas metáforas
foram produzidas. Segundo Greiner, se a metáfora muda, muda o entendimento ontológico do corpo, ou seja, muda o
entendimento sobre a natureza e as propriedades do corpo." (RAMOS, 2011)


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