Coco

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Autor: Massuel dos Reis Bernardi

O Coco é um ritmo originalmente criado no Nordeste Brasileiro, mais especificamente no estado de Alagoas. O nome refere-se também à dança ao som deste ritmo: coco significa cabeça. As músicas possuem letras simples. Com influência africana e indígena, compõe as Danças Populares Brasileiras de roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos durante festas populares do litoral e do sertão nordestino. Recebe várias nomenclaturas diferentes, como coco-de-roda, coco-de-embolada, coco-de-praia, coco-do-sertão, coco-de-umbigada, e ainda outros o nominam com o instrumento mais característico da região em que é desenvolvido, como coco-de-ganzá e coco de zambê. Cada grupo recria a dança e a transforma ao gosto da população local.


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Tabela de conteúdo

Histórico

Na cidade de Porteiras, Estado do Ceará, na Comunidade Quilombolas do Souza, a história desta expressão cultural narrada por um quilombola, o Senhor João Manoel de Souza, diz que a dança do coco chegou trazida por seu povo, os escravos, mas se modificou muito quando chegou devido à influência dos índios e dos brancos.

Na sua comunidade houve um tempo em que ele pensou que fosse desaparecer, porque os quilombolas mais idosos, mestres desta manifestação cultural, alguns faleceram e outros moram na Zona Urbana. O fato de esta expressão ser transmitida de geração a geração garantiu que ela ressurgisse na Comunidade dos Souza – remanescentes de Quilombolas. Antigamente só as comunidades próximas a Comunidade Quilombola dos Souza tinham o privilégio de ver e participar desta expressão.

A dança do coco é vinculada ao processo de escravização. Os negros ao voltar do árduo trabalho diário, reuniam-se nas senzalas, e ao som de palmas e tambores e acompanhados por emboladas cantadas e da batida dos pés, realizavam a dança, como forma de esquecer um pouco os sofrimentos e injustiças a quem eram submetidos.

Dentre as particularidades e variedades do Coco em cada estado, na Praia de Iguape, também no estado do Ceará, o Sr. Raimundo José da Costa (vulgo Raimundo Cabral) dança e faz embolada de coco no Iguape há 30 anos. Ele conta que antigamente o coco era dirigido pelo Sr. Paulino Elias, o qual trouxe esta “brincadeira” para o Iguape. O grupo do Sr. Raimundo já se apresentou em vários lugares, inclusive no Piauí e Maranhão. Hoje em dia, conforme o informante, o grupo só se apresenta quando é contratado para apresentações oficiais. Infelizmente eles não fazem mais a brincadeira só para se divertir, como acontecia em épocas passadas.

No Ceará o Coco existe como dança e como simples “embolada” na parte musical. Dessa forma ele é encontrado em vários lugares: nas praças de Fortaleza através dos emboladores acompanhados de pandeiros, nos bairros da periferia através dos repentistas, nas praias do Mucuripe, Iguape, Aracati através das brincadeiras dos pescadores e no Cariri onde se tem os chamados Cocos de pés-de-serra.

Antigamente ensaiavam e dançavam sempre aos sábados, dia que nenhum pescador ia ao mar.

O local de ensaio é sempre o terreiro de um dos participantes, geralmente na casa dos dirigentes. Não existe ensaio sistemático, normalmente eles ensaiam em vista de uma apresentação. Para eles o ensaio já é a brincadeira em si. O pessoal do Iguape ensaia às vezes na casa do Sr. João Canoa.


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Geral

Alguns pesquisadores afirmam que o Coco nasceu nos engenhos, vindo depois para o litoral. A maioria dos folcloristas concorda, no entanto, que o coco teve origem no canto dos tiradores de coco, e que só depois se transformou em ritmo dançado. Há controvérsias, também, sobre qual o estado nordestino onde teria surgido, ficando Alagoas, Paraíba e Pernambuco como os prováveis donos do folguedo.


A Dança

O coco, de maneira geral, apresenta uma coreografia básica: os participantes formam filas ou rodas onde executam o sapateado característico, respondem o coco, trocam umbigadas entre si e com os pares vizinhos e batem palmas marcando o ritmo. É comum também a presença do mestre"cantadô" que puxa os cantos já conhecidos dos participantes ou de improviso. Pode ser dançado com ou sem calçados e não é preciso vestuário próprio. A dança tem influências dos bailados indígenas dos Tupis e também dos negros, nos batuques africanos. Apresenta, a exemplo de outras danças tipicamente brasileiras, uma grande variedade de formas, sendo as mais conhecidas o coco-de-amarração, coco-de-embolada, balamento e pagode.

O coco é um folguedo do ciclo junino, porém é dançado também em outras épocas do ano. Com o aparecimento do baião, o coco sofreu algumas alterações. Dependendo o local, os dançadores não trocam umbigadas, dançam um sapateado forte como se estivessem pisoteando o solo ou em uma aposta de resistência.


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A Música

O som característico do Coco além dos instrumentos, o que marca mesmo a cadência do ritmo é o repicar acelerado dos tamancos. A sandália de madeira é quase como um quinto instrumento, se duvidar, o mais importante deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas.

Existe uma hipótese que diz que o surgimento do coco se deu pela necessidade de concluir o piso das casas no interior, que antigamente era feito de barro. Existem também hipóteses de que a dança surgiu nos engenhos ou nas comunidades de catadores de coco.

Os instrumentos mais utilizados no coco são os de percussão: ganzá, surdo, bombos, zabumbas, caracaxás, pandeiros e cuícas. Para se formar uma roda de coco, no entanto, não é necessário todos estes instrumentos, bastando às vezes as palmas ritmadas dos seus participantes. O ritmo contagiante do coco influenciou muitos compositores populares como Chico Science e Alceu Valença, e até bandas de rock pernambucanas. O sucesso de Dona Selma do Coco, acompanhada por gente de todas as idades, mostra a importância do velho ritmo, que vem sendo resgatado no Nordeste do Brasil.


Coco de Praia

Histórico

O Coco de Praia surgiu há muitos anos nos engenhos, no meio dos reduzidos contingentes de negros existentes no Ceará. Daí se divulgou pelo litoral e penetrou nos salões refinados, no meio burguês, para logo dele desaparecer.

Da ocupação em quebrar o coco, horas e horas a fio, nasceu uma cantiga de trabalho, ritmada pela batida das pedras quebrando os frutos. Posteriormente, se transformou em dança e começou a surgir uma variedade de temas e formas de coco que se espalharam por todo o Estado. Daí se falar em Coco de Praia, Coco do Sertão, Coco Gavião, que embora apresentem nomes diferentes, mantêm a mesma forma rítmica e, às vezes, apresentam diferenças quanto à participação do elemento feminino e a dança de pares conjuntos.


A Dança

O coco é dançado em forma de roda, fato que, para alguns autores, estaria associado à influência indígena e, para outros, à influência portuguesa. Existe, contudo, um certo consenso de que a influência africana, de todas, foi a mais marcante.

Reunidos, geralmente em roda, o tirador de coco ou solista começa cantando alguns versos um caixão e ganzá. Á proporção que a música vai se desenvolvendo, os dançadores de coco vão se ativando com o ritmo das palmas e sapateados e, ao mesmo tempo, dão início ao desafio. Um deles vai de encontro ao outro conquista, faz uma vênia, que é o desafio para a dança, e ambos começam a improvisar uma série de sapateados, que dependendo do ritmo e habilidade de cada um, colocará em destaque os melhores dançarinos. Muitas vezes, ao terminarem a sua exibição, eles dão uma espécie de umbigada que marcará o fim desse desafio. Desta forma, novos pares vão se apresentando e a animação vai crescendo, porque novos temas de coco vão sendo apresentados, o que pode garantir uma diversão para a noite inteira. E assim pode ser ouvida uma variedade de temas, tais como: “Beata-tá”, “Coco da Jia”, “Maneiro-pau”, “Serra o pau, palmeira” “O Leão”, “Devagar c’a mesa”, “Amélia” e outros. Um dos cocos mais interessantes é o coco de embolada, porque o ritmo é mais vivo e dá muita possibilidade à improvisação de versos.

A coreografia é a mais simples possível, vez que os coquistas não se preocupam com o aspecto estético e formal das coisas, mas com a improvisação variada de passos. O que conta para eles é o seu próprio entretenimento.

A dança do Coco de Praia não apresenta variedade de personagens, porque é um grupo homogêneo, não só pela participação de elementos masculinos (pescadores), mas também com relação à indumentária, (traje de pescador) e à forma de dança (sapateado, palmas e umbigadas). Nela só se destacam o solista, que na maioria das vezes é o elemento mais antigo do grupo, o batedor de caixão e o tocador de ganzá.


A Música

O Coco de Praia tem a mesma célula rítmica do baião que é peculiar a todo Nordeste. Ora obedece a um ritmo mais quente, ora a um ritmo mais lento, mas é sempre bem marcado e contagiante. Estrutura-se na forma estrofe-refrão, e a melodia, na maioria das vezes, é pobre. A instrumentação é bastante primitiva. Utiliza-se de um caixote sobre uma lata, para dar mais acústica, que é percutido com um pedaço de madeira, e de um ganzá, instrumento indígena, os quais auxiliam na marcação do ritmo.


Locais de Apresentação

Como indica o próprio nome, o Coco de Praia é geralmente dançado nas zonas praieiras, visto que seus maiores adeptos pertencem à colônia de pescadores. Estes dão preferência aos lugares onde piso é de areia batida, porque facilita a percussão dos sapateados. Contudo, a apresentação pode ser feita em qualquer local.


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Referências

http://educfisicaufal.files.wordpress.com/2010/12/danc3a7as-folclc3b3rica-alagoana.pdf julho/2013


http://www.ifce.edu.br/miraira/Patrimonio/DancasTradicionais/CocoPraia/CocodePraia-LMFC.pdf julho/2013


http://www.ifce.edu.br/miraira/Patrimonio/DancasTradicionais/CocoPraia/Coco%20-%20Informacoes%20gerais.pdf julho/2013


http://pt.wikipedia.org/wiki/Coco_(dan%C3%A7a) julho/2013


http://www.ifce.edu.br/miraira/Patrimonio/CulturaNegra/Quilombolas/Comunicade%20Quilombola%20Porteiras%20-%20Danca%20do%20coco%20-%20Historia.pdf julho/2013


CEARÁ. Secretaria de Indústria e Comércio. Manifestações do Folclore Cearense. Fortaleza, 1978. Trabalho Elaborado pelo Departamento de Artesanato e Turismo e empresa cearense de Turismo.


GASPAR, Lúcia. JCoco (dança). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. julho/2013

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