E por falar em dança... Programa 06 - 01/09/2009

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Tema do Programa: Corpo

“O corpo não é uma máquina, como nos diz a ciência, nem uma culpa, como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa.” Palavras do escritor uruguaio Eduardo Galiano. Para alguns, objeto, para outros, experiência íntima, o corpo pode ser abordado a partir de diferentes olhares. Visto como suporte de identidades, memórias e subjetividades, abre um amplo horizonte de questões e também de dúvidas e de indagações. Seja tomando o corpo como moradia íntima, seja como lugar de invenção e metamorfoses, é com ele que marcamos presença no mundo. O livro Corpo – Identidades, Memórias e Subjetividades trata disso. Lançado recentemente pela editora Mauad, reúne pesquisadores das mais distintas áreas de conhecimento, acreditando que a multiplicidade de olhares possibilita o entendimento da presença densa do corpo e das suas inúmeras representações na vida social. O livro foi organizado por Joelle Rouchou, Cláudio de Oliveira e pela historiadora e pesquisadora da Casa de Ruy Barbosa, Monica Pimenta Velloso, nossa entrevistada de hoje.


Entrevista: Monica Pimenta Velloso

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Silvia Soter:

Mônica, por que tratar do corpo hoje?


Monica Pimenta Velloso:

Eu acho que temos muitos motivos, dentre os quais eu acho que é um assunto que vem despertando muita atenção. Eu acho que o nunca o corpo foi tão automatizado, mecanizado, estetizado, enfim, há uma preocupação enorme em torno do corpo, mas um corpo muitas vezes, eu acho, tratado como objeto, não se fala muito nessas sensibilidades, nas subjetividades, então o nosso livro trata desse corpo mecanizado, automatizado, mas também com um foco muito delicado com muita ênfase nas questões das sensibilidades e das subjetividades.


Silvia Soter:

O livro, ele é dividido em alguns temas, certo? Você podia falar um pouquinho como é que o livro se estrutura?


Monica Pimenta Velloso:

Com certeza. Uma das coisas que é importante dizer, Silvia, é que esse livro ele foi resultado de um seminário na Casa Rui Barbosa em maio de 2008 e nós nos surpreendemos muito com a grande procura que esse seminário teve. Pessoas de várias áreas do conhecimento, muita gente jovem, enfim, um grande público. Daí então esse fato nos estimulou a publicar o livro, com todas as apresentações que foram feitas na ocasião.


Silvia Soter:

São muitos autores, né?


Monica Pimenta Velloso:

São muitos! Temos doze autores e nós resolvemos estruturar o livro, como o próprio subtítulo diz, identidades, memórias e subjetividades. Então, quando a gente está pensando na questão da identidade, como é que o corpo pode trazer marcas das classes sociais, das culturas, a relação do corpo com a cidade, e nisso nós temos um artigo bastante interessante da Paola Jacqs, que é uma arquiteta, que ela coloca uma questão que eu acho extremamente importante, lembrando que na cidade as pessoas sem teto, pela violência dessa situação, elas próprias são obrigadas a ter m contato muito maior, vamos dizer assim muito mais íntimo, um contato carnal mesmo com as ruas da cidade.


Silvia Soter:

Elas carregam essa casa no corpo, né? Isso de uma forma muito clara. E vocês também abordam as artes, as a dança aparece no livro, né? De que modo?


Monica Pimenta Velloso:

O artigo relacionado à dança é da minha autoria. Então quando eu estava pesquisando a questão da nacionalidade em 1900, 1910, eu descobri um acontecimento muito interessante, um casal de brasileiros que vai para Paris e else fazem grande sucesso dançando maxixe. E eu percebi que todos os jornais da época começam a falar na temática de um corpo brasileiro, um corpo mestiço, dengoso, sensual, enfim. Isso dá uma enorme polêmica, aparecem cartas pastorais pedindo que os católicos não dançassem maxixe, enfim, extremamente interessante.


Silvia Soter:

E você fala também do encontro da Isadora Duncan com o João do Rio.


Monica Pimenta Velloso:

Exato. E esse encontro é muito interessante. Eu acho que tanto a Isadora Duncan como o João do Rio, eles tiveram uma visão bastante diferente em relação ao corpo da época, porque na época já se falava, discutia-se muito essa educação do corpo, domínio técnico – mesmo da dança já tinha muito essa ideia do domínio técnico – e a Isadora, ela pensa exatamente o corpo de uma maneira diferente, o corpo em harmonia com a natureza, não um corpo, vamos dizer assim, controlado, disciplinado pelos discursos médicos, genistas, mas um corpo e harmonia com a natureza. E ela encontra o João do Rio, uma pessoa que pensa como ela, e os dois ficam amigos, inclusive ela declara na imprensa que adorou o Brasil e que pensava, que o sonho dela, que um dos sonhos, era fazer aqui a sua escola de dança. Muito interessante.


Silvia Soter:

Com certeza o Brasil combina muito com a Isadora.


Monica Pimenta Velloso:


Então ela se seduziu muito pela questão da Natureza no Rio de Janeiro, pensando essa Natureza em equilíbrio com o corpo, com os movimentos.


Silvia Soter:

E Mônica, como a gente acha o livro? Ele está distribuído nas livrarias?


Monica Pimenta Velloso:

O lançamento foi agora nesta terça-feira na Livraria da Travessa, no Lebon. Então, evidentemente, já dispara em circulação. O livro é editado pela Mauad e FAPERJ.

Momento Solo

Quando o despertador toca de manhã você pula correndo da cama? Não faça isso! Antes de ficar de pé, coloque o corpo em movimento. Bem devagar se espreguice com calma, boceje, se inspire nos animais. Deixe o espreguiçar tomar todo o seu corpo. Só então é hora de começar o dia.


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