Lenora Lobo

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Edição de 20h00min de 1 de novembro de 2011

Retrato Lenora Lobo. Foto: Sátiro Valença


Tabela de conteúdo

Introdução:

Lenora Lobo, arquiteta piauiense e dançarina do mundo é ainda professora, pesquisadora e coreógrafa que desde muito nova mergulhou na dança. Nascida em Floriano, interior do Piauí, aos nove anos foi para Olinda estudar e lá seu contato e a prática com as danças populares são intensificados. Já em Recife, Lenora se aproxima do balé clássico numa tentativa, e por sugestão médica, de corrigir um desvio nas pernas. Lá conhece Nadja Machado, professora de clássico com que fez seus primeiros cursos. É em Pernambuco que inicia-se em festivais, espetáculos de academia e apresentações públicas organizadas por sua professora Nadja e Flávia Barros, no Teatro Santa Izabel.


A música popular e seus movimentos tiveram grande importância na formação de Lenora. A Tropicália, Jovem Guarda, o Carnaval e a tradição dos Festivais dos anos 70 influenciaram sua dança, equilibrando o clássico com o popular e a aproximando de danças e festas tradicionais e populares que tanto contribuirão para sua criação cênica.


Lenora Lobo, vai para o Rio aos 16 anos cursar Arquitetura. Enquanto estudava em meio às esquadros, réguas e compassos na faculdade, ela também dançava em outros compassos prosseguindo seus estudos de dança clássica com Tatiana Leskova, Eugenia Feodora, Marli Tavares e Leni Dale. É ainda no Rio de Janeiro e na década de 70 que Lenora descobre seu interesse por novas formas de dançar, se aproxima da dança contemporânea e conhece Klauss Vianna, Graciela Figueroa (que dirigia o Grupo Coringa) e Carlos Affonso.


Conclui sua graduação e aprofunda seus estudos em dança cada vez mais, agora estudando com grandes profissionais e instituições internacionais como Alvim Nikolai, Tanztheater (Pina Bausch), Rolf Gelevisk. Ainda com sede por uma formação mais sólida, Lenora faz aulas com Maria Duschenes, conhece o método Laban e ouve falar pela primeira vez do Laban Centre (Londres).


Já atuando e montando suas próprias coreografias, Lenora junta-se com Rita Vercesi e começa uma pesquisa sobre a cultura nordestina, indo para Olinda e por lá ficando por seis meses. No processo fizeram aulas com o Antonio Nóbrega, com o Balé Popular do Recife e foram orientadas pela antropóloga Iza Guerra em seu trabalho de campo que estudou cirandas, cocos de roda, repentes entre outros e que originou o trabalho Fragmentos.


Ao ir para a Inglaterra, em 1980, estudar no Laban Centre e se depara com uma rotina rigida de trabalho, com a oportunidade de estudar com Valérie Preston-Dunlop e Simone Michele e conhece o métodos de outros centros de formação como o Body-Control (Pilates), Body-Alignment, e as Técnicas Alexander e Contato Improvisação. Identifica-se com as Técnicas de Doris Humphrey e Kurt Jooss.Após concluir sua especialização, Lenora Lobo vai para a Paris onde conhece Thérese Bertherart e a Antiginástica que por sua vez a indica Inês Fountora (fisioterapeuta brasileira) que combina antiginastica com a técnica Mézier.


Em 1982, já no Brasil, vai para São Paulo estudar com Maria Duschenes, J.C Violla, Sonia Mota e Klauss Vianna, com quem viria a trabalhar. Estudando profundamente o método "Movimento Consciente" de Klauss e combinando-o com o método Laban, Lenora volta-se aos processo coreográficos.

Criação de um Método

Em 1986, muda-se para Brasília e mergulha num processo de pesquisa, experimentando processos de formação com artista de dança e teatro, e em busca de uma linguagem própria. Esta pesquisa contínua será refletida em seus espetáculos e no método para o intérprete-criador que Lenora Lobo sistematizará anos depois.


Ainda 1986, Lenora Lobo funda o Alaya Arte do Movimento, estúdio de dança onde Lenora aplica e experimenta seu método de ensino e de composição cênica, fundamentado em Klauss Vianna e Laban e voltado à pessoas de todas as idades. O estúdio acabou se tornando o centro de formação de muitos outros artista no contexto brasiliense. Paralelo ao estúdio surge o núcleo de pesquisa formado pelo grupo de artistas pesquisadores que trabalhavam com Lenora: Jorge Dupan, Raquel Mendes, Júlio campos e Jesualdo Eustáquio.


Em 1990 o núcleo de pesquisa transforma-se na Companhia Alaya Dança.


De 1993 a 1999, Lenora Lobo ministrou aulas no Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília e desenvolve, em trabalho conjunto com Márcia Duarte (ver Grupo EnDança) e Márcia Almeida, a pesquisa Arte do Movimento, Fronteiras entre a Dança e o Teatro (CNPq), fundamentando-a com seu método próprio. A vida acadêmica traz à Lenora um outro olhar para seu trabalho, afastando-se cada vez mais de técnicas codificadas em dança e criando um outro lugar onde dança e teatro se encontrem na consciência corporal em prol da expressão artística. Foi a partir dessa experiência que Lenora viu a necessidade de sistematizar seu método.


O Laboratório Origem, realizado em 1998, aplicado aos alunos da Universidade de Brasília culminou em vários trabalhos artísticos elaborados pelo alunos e pela companhia a partir do direcionamento de Lenora ao interprete-criador, e que foram aprofundados por seus criadores nos anos seguintes.


Em 2003 seu trabalho resulta no livro Teatro do Movimento: Um método para o Intérprete Criador, escrito em parceria com Cássia Navas. Nesse livro Lenora Lobo consegue organizar e registrar de maneira sistemática os princípios de seu método, elaborado a partir de suas pesquisas e experiencias pessoais e combinados com seus estudos sobre os métodos Laban, de Rudolf von Laban e Movimento Consciente, de Klauss Vianna.


Em 2008 a segunda parceria entre Lenora e Cássia Navas culminou no lançamento do livro Arte da Composição – Teatro do Movimento.


Assim como Laban , Lenora busca pelo corpo-memória, para a construção de um movimento e a expressão em cena emirja trazendo os marcos da história de cada um. Nessa busca e na elaboração de seu próprio método Lenora Lobo encontrou em Klauss Vianna uma luz em como fazer, concretizar as idéias para seu método. Klauss começa seu trabalho revisitando a técnica clássica, depois começa a visar uma nova dança, estruturando-a de forma diferente, baseando seu trabalho no funcionamento dos corpos em movimento. A respeito disso Angel Vianna diz, e foi para no verso do livro Teatro do Movimento: Um método para o Intérprete Criador (2007):


"O trabalho de Leonora Lobo, no sentido de sistematizar um método intitulado TEATRO DO MOVIMENTO,
assemelha-se ao método de "Conscientização do Movimento", por mim desenvolvido, no Rio de Janeiro, 
e ao método do próprio Klauss Vianna, intitulado "Movimento Consciente". O que nossos trabalhos têm
em comum é a investigação do movimento próprio de cada indivíduo, desenvolvendo-se em cada um
a consciência de sua história corporal, pois o corpo é o instrumento fundamental do bailarino, do ator e de todo ser humano."
                                            Angel Vianna


Obras

Cogito (1987)

A cor (19

Terra (1990)

Nósdestinos (1991)

A Fonte (1991)

Cheio ou Vazio (1992)

Fico (1992)

Ilusões (1992)

Esquinas (1992)

Ao Homem que amava feira, festa, farinha e forró (1993)

Frevendo (1994)

... e Sonha Lobato (1997)

Primata Terra (2000) - em parceria com Maurício Gaspar

Máscaras (2001) - em parceria com Maurício Gaspar e com participação de Marcelo Evelin

Senhora de Nazaré (2002) - em parceria com Rosa Coimbra (criação e direção )

Aruanãzug (2002) - em parceria com Lina do Carmo.

Matracar(2005)



Alaya Dança

Selma Trindade e Júlio Campos no espetáculo Soma. Foto de Sátiro Valença


Os nomes de muitos artistas estão vinculados ao Núcleo Alaya seja por participação nos espetáculos da companhia, seja por terem desenvolvido pesquisas ou algum outro trabalho em conjunto com o grupo de intérpretes-criadores da Companhia Alaya Dança. Assim, Kenia Dias, João Negreiros, Marcilma Carvalho, Beneto Luna, Alexandre Nas, Aida Cruz, Christiane Lapa, Denis Camargo, Selma Trindade, Susi Martinelli são exemplos de pessoas próximas à proposta do núcleo e/ou da proposta de pesquisa dele. O importante é que de alguma forma independente das razões a maior parte dos artistas da dança, principalmente contemporânea, de Brasília já ouviu falar ou já teve a oportunidade de conhecer o trabalho desta outra criação de Lenora Lobo, seja pelo Núcleo Alaya Dança, seja pelas obras da companhia.


A companhia Alaya Dança anunciou o encerramento de suas atividades em 2006, passando a incentivar iniciativas individuais de seus intérpretes criadores. Estruturado como Núcleo Alaya Dança, o grupo produziu mostras de dança, agregar criadores de outras regiões do país e com distintas formações além de produzir espetáculos de alguns artistas. O Núcleo Alaya Dança atualmente fomenta projetos individuais, mas que tenham conexão com o método do Teatro do Movimento de Lenora Lobo.


O Núcleo tem realizado várias edições da Mostra de Intérpretes Criadores: A primeira delas teve como tema "Origem" e foi realizada em 2000. No ano de 2002 a segunda edição da Mostra permeneceu com o mesmo tema.Em 2004, tem-se "O Corpo Poeta" em foco na III Mostra.


Já a IV Mostra de Intérpretes Criadores (2007), traz o "Corpo Sonoro", para o centro das discussões e expressões da dança contemporânea. O evento foi Apoiado pelo Prêmio Klauss Vianna (Funarte) e patrocinados pela Caixa Economica Federal, e oferecia além dos espetáculos e solos , oficinas e seminários com artistas de diferentes formações, como o diretor Hugo Rodas, o coreógrafo Marcelo Evelin, os músicos João de Bruçó e Marcelo Preto, a dramaturga Rosa Hércole e as coreógrafas Lenora Lobo e Luciana Lara.

Em 2009

Ayala 20 em Cantos(2010). Foto Mila Petrillo


A V Mostra foi realizada em setembro de 2010 e teve como tema de pesquisa as "Metáforas Espaciais". Nesse ano também, em comemoração aos seus 20 anos, o grupo trouxe ao palco o espetáculo "Alaya 20 em Cantos". A obra foi construída com base nas memórias do grupo trazendo à cena alguns intérpretes que contribuíram para que o Alaya fosse reconhecido por sua criação, pesquisa e encenação em dança: Aida Cruz, Alexandre Nas, Beneto Luna, Christiane Lapa, João Negreiros, Jorge Dupan, Hilton Gonçalves, Marcilma Carvalho e Selma Trindade. Contando ainda com a participação especial dos intérpretes criadores Andrea Jabour (RJ), Cecília Borges, Dora Rocha, Julio Cezar Campos e Márcia Almeida, com a colaboração do artista plástico Ralf Ghere, que assinou a cenografia e o figurino elaborando-as a partir da pesquisa sobre o acervo da companhia realizada por Neuza Deconto.


Referências

De CUNTO, Yara e MARTINELLI, Susi. A História que se Dança: 45 anos do movimento da Dança em Brasília. Concepção e Organização: Yara De Cunto, Texto: Susi Martinelli. 2005.


LOBO, Lenora. Teatro do movimento: um método para o intérprete-criador, Lenora Lobo e Cássia Navas, Brasília, LGE Editora, 2003/2ª edição, 2007.


Site Alaya Dança, acesso outubro de 2011.


Reportagem feita pela Agência Ato de Comunicação, em 05 de maio de 2010, e disponível no Site da agência 1, acesso em 24 de outubro de 2011.

Ver também

Contato Improvisação

Movimento Autêntico

Expressão Corporal

Angel Vianna

Laban



Links externos

Site Alaya Dança 1


Vídeo Alaya 20 em cantos 2

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